Quem somos nós?

Recife/Olinda, Pernambuco, Brazil
Um blog aí.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A Rainha de Veneza

Despiu a luva.
E seu afago ficara mais macio quando me tocou no pescoço.
Mexi-me para que acariciasse o outro lado.
À propósito, nessas horas me transporto pra um universo.
Para um bem paralelo. Daqueles que nem no infinito se encontram.

Facilmente me trouxe de volta com um pouco de sua linguagem
Universal.
Deixou-me imóvel, mas eu não podia parar...
Lembrei-me de quando o vento do Oeste, meu amigo Zéfiro,
Era casado com Íris.
E nós por vezes utilizávamos seu apartamento, que olhava pra Aurora.
Agora, dessa janela, víamos a carruagem brilhante se afastar.
Esse é o lugar, agora, onde o tempo passa muito rápido.

Pegou um cacho de uva e brincou de por em minha boca.
Gosta de ver meu gosto.
Nessas horas, creio eu, poderia morrer por ela.
Mas pensaria diferente perto da meia-noite, quando a carruagem estivesse do outro lado,
Na sua viagem ao redor do mundo.
Pensaria em pedir pra ela não me esquecer, talvez soltasse uma lágrima.

Deitou o cacho na tina de porcelana. Ao lado da luva de veludo.
Sabia dosar as coisas. Parava sempre a tempo, antes de tornar o agrado uma coisa menor.
O calor do quarto dependia de nós, agora que o sol se punha.
As cortinas balançam com o começo das brisas noturnas do mar que nos cerca por todos os lados.
Olhei-a nos olhos.
E fui dela.
Súdito que era.



----
Red Hot Chili Peppers