Quem somos nós?

Recife/Olinda, Pernambuco, Brazil
Um blog aí.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ossos negros

Procuro na escuridão o meu bem estar
É calmo é aconchegante é convidativo
Sinto as costelas o sangue o coração
Tudo parece ter mudado de ritmo

Reconheço meu lugar dentro da sombra
No espelho olho e não me vejo
Apenas carne e cabelo tentando me esconder
No escuro meu reflexo me conforta
Nada vejo nada sinto

A aura de sangue sombra e mistério me cerca
Encantado, começo a aproveitar
Eu mesmo! Finalmente
Ira maldade e frieza, tudo a tona

O êxtase invade meu espírito
E logo eu quero invadir também
Chave escondida, arrombamento... Nunca descobrirão
Em seu sagrado lar estive
Levei sangue sombra e excitação

A poucos metros de mim
Família cansada e indefesa
Se eu quiser, o que eu quiser
Não foi por isso que eu vim

O frenesi sobrepõe-se, mas tem fim
Não há sangue. Há sombra
Rompeu-se a combinação perfeita
Sinto-me diferente, estou ausente e presente
Recolhida a personalidade outra acorda
Ligue a luz! Quero me ver


25/02/2008


*Encontrei o papel quase sem pontuação, achei melhor não mudar

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Degustação

As lagrimas caíam na boca.
que gosto amargo elas tinham!
A língua, entretanto, persistia em saboreá-las,
como se, ao sentir totalmente seu sabor, pudesse por fim a dor.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Um trago

A inquietação veio buscar o tédio há tanto instalado. O efeito foi como de um tapa que traz de volta à consciência o coma, quase já perfeitamente incorporado. Mas quase!

Que ânsia boa, tão boa! A circunstância me leva inclusive a apreciar e degustar sua passagem por mim, já que, fazia muito, não a sentia. O difícil agora é somente impedir os devaneios da imaginação que a espera faz se multiplicarem, junto com o tempo do aguardo.

Não tenho a mínima idéia se corresponde ao real, mas tenho que me apressar de encontro a Platão, o limite se aproxima.

Eu só quero não deixar a consciência tomar conta, para roubar a espontaneidade do breve divino, beijar antes de tudo, abraçar um abraço todo e, gozado, fumar um ciagrro. Um que seja.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O tempo




as vezes, parece ele caminhar com os pés de um curupira
em outras, calçar as sandálias de lampião.

eis o tempo que gera e destrói,
que cura e adoece.
o tempo que voa,
o tempo que se arrasta,
o tempo que dá idas e vindas.

o tempo que passa mas nem sempre muda.
o tempo das pequenas reformas e das grandes revoluções.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Notas sobre o ateísmo

Talvez Deus, em sua onipresença bíblica, esteja mesmo em cada um de nós (ou, pelo menos, nos espaços que nos distancia). Talvez seja eu, criatura da própria criação, alguém incapaz de entender aquele que me criou.

Talvez um cadáver não seja mais que um deus arrependido.

Pensamentos avulsos de um diário inexistente

Histórias inventadas, se também acreditadas, não são menos reais, para aqueles que a tomaram por verdadeiras, do que nenhuma outra história. Relatos tornam-se fatos, e contra eles não nos é permitido ousar sequer um argumento.

Talvez sabendo que minhas palavras certamente mentem, vocês não mais me acreditem. Arrisco, porém, o conselho: nunca acreditem naquelas, ao menos não antes de reinventá-las.